quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
a minha rainha
Estava com remorsos, já tinham passados vários dias e por diversos motivos não a fui ver. Metade culpa minha, metade culpa do resto. Entretanto, hoje desse por onde desse, tinha que a abraçar. Eu tinha tantas, tantas saudades dela! Da minha rainha! Saudades de querer abraçar, beijar, tocar e verificar que está tudo bem, com os próprios olhos. Ela não gosta do dia de aniversário, mas eu gosto muito dela e de a surpreender, então, comprei-lhe uma euphorbia, vulgo flor de Natal, linda, cheia de rebentos. Meti-me no meio da cidade a deambular à procura da prenda. E a prenda é que chamou por mim. Vi e levei-a. Não houve dúvidas. Queria que sempre que ela olhasse para a planta se lembrasse de mim. Lá fui eu de vaso em punho à descoberta da nova casa da minha avó e adorei o que vi. Quando entro num lugar sinto logo as boas energias ou a ausência delas e ali, senti-a bem, num espaço que lhe acrescentava vida à alma. Com um jardim fenomenal para que pudesse ir, com a sua bengala, deslumbrar-se, com a vista mar ao fundo como tela final. Por detrás daquele rosto enrugado [e digo isto com todo o respeito e carinho] tem uma pessoa fantástica que sabe conversar, ensinar, brincar, ajudar, aconselhar, mimar, e principalmente ser avó. Aquela avó que eu nunca tive. E eu tinha tantas, tantas saudades dela. Fez hoje 83 anos. Não lhe digo muitas vezes porque ela não gosta, mas eu queria tanto que ela ficasse cá até aos 100.
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